SEGURANÇA
Em audiência, ex-namorado e vizinho dizem que mulher que confessou matar o filho era boa mãe
   
Alexandra Dougokenski, 33 anos, está presa em Guaíba e responde por homicídio qualificado

Por Gaucha ZH
11/12/2020 09h17

No segundo dia da fase de audiências do processo criminal que apura a morte de Rafael Mateus Winques, de 11 anos, em Planalto, a juíza Marilene Parizotto Campagna ouviu, na tarde desta quinta-feira (10), pessoas próximas da convivência do garoto, assassinado em maio deste ano. 

A mãe Alexandra Dougokenski, 33 anos, confessou ter matado a criança e escondido o corpo ao lado de casa. Presa na Penitenciaria Estadual Feminina de Guaíba, responde por homicídio qualificado e outros três crimes conexos - ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Das três pessoas ouvidas até às 19h, duas relataram que Alexandra era boa mãe: o ex-namorado Delair de Souza e o vizinho Carlos Eduardo da Silva.

Companheiro de Alexandra na época do crime, Delair afirmou que Alexandra era zelosa, cobrava estudos e organização dos filhos. 

— Sempre foi pelo certo — afirmou. E assegurou que Rafael "tinha muito amor pela mãe dele". 

Disse que considerava Rafael e seu irmão mais velho como filhos. Afirmou nunca ter presenciado a mãe dando medicamentos ao menino. Na descrição do padrasto, Rafael era uma criança especial, fazia os trabalhos da escola e jogava bastante no celular. A mãe, segundo ele, não gostava do tempo que o garoto ficava no telefone. Delair contou que não via os filhos desobedecerem Alexandra.  

O padrasto disse que, durante os dez dias de buscas por Rafael — a criança desapareceu em 15 de maio e na noite de 25 do mesmo mês, Alexandra confessou que havia matado o filho — estranhava que a mãe não deixava o filho mais velho responder perguntas sobre o sumiço do irmão. A mãe respondia pelo filho, segundo ele. Delair disse que perguntou algumas vezes se Alexandra tinha envolvimento com o desaparecimento de Rafael e ela sempre negava. Até o crime acontecer, o homem disse que "se dava super bem, fazia planos" com Alexandra. Delair contou que não foi a Planalto quando soube da morte de Rafael: 

—  Passei mal. Foi a minha patroa que comentou que tinham achado ele morto — 

Depois disso, ela comentou que não viu mais Alexandra.

Vizinho de Alexandra em maio deste ano, Carlos Eduardo da Silva, afirmou que o convívio de Rafael em casa seria mais com familiares, não com amigos. Também disse que Alexandra era "muito boa mãe, que eu tenha visto e ouvido. Sempre muito preocupada e bem atenciosa". Segundo ele, o tapume na casa em que o corpo foi encontrado sempre existiu. O corpo do menino foi localizado na casa ao lado em que ele vivia com a mãe e o irmão mais velho. 

— Não percebi uma frieza. A gente nunca sabe a reação de uma pessoa nesses fatos — disse o vizinho.

Segundo a depor, a professora do menino em 202, Ana Maristela Stamm declarou que Alexandra dizia, enquanto eram feitas buscas pelo garoto: "Rafael vai voltar". A educadora conta que as buscas mobilizou outras crianças: 

—  Coleguinhas dele me ligaram para ir procurar — disse

Segundo ela, Rafael era "extremamente estudioso, quieto. Não interagia com a turma. Não respondia a chamada, só erguia o dedinho. Muito tímido".

Ana Maristela afirmou que o menino se fechava, não queria proximidade e tinha um olhar triste. 

— Nunca tirei uma palavra dele sobre a família — afirmou. Na escola, não via o menino usando celular. Durante as buscas, relembrou que foi bem tratada pela mãe: 

—  Calma, não aparentava nervosismo. No primeiro dia já estranhei.

Para a professora, a morte de Rafael causou "revolta, desespero, choro e dor"

—  Era um menino doce. A população se revoltou muito —  declarou.

O pai de Rafael, Rodrigo Winques, Delair e a professora Ana Maristela foram ouvidos pela primeira vez em 1º de outubro. A defesa de Alexandra solicitou novo depoimento porque, na época, ainda não havia acessado documentos anexados ao processo.

Ainda nesta segunda audiência, serão ouvidos mãe do melhor amigo de Rafael, Jaqueline Luíza Mesnerovicz e o inspetor de polícia, Jackson Getúlio Consoli.

   

  

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